Depoimento – Aldo Cordeiro Dutra
Não foi por acaso que a ABRACO foi criada. É por isso que resolvi fazer esta retrospectiva histórica da corrosão no Brasil, destacando alguns estudiosos pioneiros no Brasil nessa área, cujo trabalho levou a criação da ABRACO que completa agora 50 anos de atividades. Vamos aos antecedentes. A PETROBRAS, instituída pela Lei 2004, de 3 de outubro de 1953, assumiu a responsabilidade de exercer o monopólio estatal do petróleo nas áreas de exploração, produção, transporte e refinação, além de atuar na distribuição em regime de concorrência com outras Companhias. Ela foi crescendo em um ritmo acelerado nos anos que sucederam à sua criação e se deparou com um problema de consideráveis dimensões – a falta de pessoal especializado para operar seu parque industrial. Já em 1952, o Conselho Nacional do Petróleo – CNP tinha estruturado o Setor de Supervisão do Aperfeiçoamento Técnico – SSAT, entregando sua chefia ao engenheiro idealista Antonio Seabra Moggi, que ocupou o cargo até a absorção deste Setor pela PETROBRAS, para atender à formação de mão-de-obra de níveis médio e superior necessária industrialização das reservas petrolíferas brasileiras. À época as Escolas Técnicas de Nível Médio Profissional e as Universidades não estavam preparadas para atender à demanda da indústria petrolífera nacional. Urgia, portanto, a formação de equipes de técnicos brasileiros que atendessem às necessidades das frentes de atuação, em princípio do CNP e, posteriormente da PETROBRAS e reduzissem a contratação de profissionais estrangeiros, substituindo-se por técnicos nacionais. O primeiro curso de formação, o de Refinação de Petróleo, foi organizado sobre a égide do Conselho Nacional de Petróleo, em 1952, em convênio com a Universidade do Brasil. A Refinaria de Mataripe, na Bahia, já em operação e a Refinaria de Cubatão, em São Paulo, a partir de 1955, operavam com apoio técnico de empresas estrangeiras. Depois de poucos anos, esses especialistas foram então sucedidos pelos técnicos brasileiros, que passaram a operar essas refinarias, dando-nos uma independência tecnológica muito promissora, logo no início da existência da PETROBRAS.
Em 1957, o Dr. Moggi percebeu que a manutenção de equipamentos de refinarias era um problema técnico de grande envergadura. Não bastava a competência dos especialistas nos processos de refinação. E novamente ele, por intermédio do então Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisas de Petróleo (CENAP) que criou e dirigia tão bem, recorreu aos técnicos americanos. Assim, em 1958, fez o primeiro curso de Manutenção de Equipamentos de Petróleo, sob a coordenação do expert em manutenção e em inspeção de equipamentos, com cerca de 20 anos de experiência de campo, o Sr. Albert Francis Hollowell. Este curso qualificou 11 profissionais em sua primeira turma. Esse curso foi iniciado no Rio de Janeiro, com um período introdutório, para equalização dos conhecimentos dos candidatos oriundos, quase todos, da engenharia civil. Teve continuação nas dependências do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o já tradicional ITA, do então Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), em São José dos Campos – Estado de São Paulo. Obviamente, o curso incluía o estudo da corrosão e a tecnologia da inspeção de equipamentos. Nessa época já se destacava no ITA o Prof. Marco Antonio G. Cecchini, que vinha estudando corrosão havia algum tempo, inclusive contando com experiência obtida em cursos que frequentou na Europa. Assim, assumiu ele a responsabilidade de montar e ministrar o curso de corrosão para os alunos do curso da PETROBRAS. Para isso preparou um conjunto de apostilas com o fim de oferecer material instrucional na língua portuguesa, o que não existia naquela época. O curso compunha-se de temas indispensáveis ao conhecimento dos novos engenheiros da especialidade de manutenção e de inspeção. Considerando que, para o sucesso e eficiência do curso de manutenção, era indispensável o contato com refinaria, inclusive para familiarização com a grande variedade de equipamentos, e também de problemas. Por isso era vital a proximidade de uma refinaria. Assim, no ano seguinte – 1959 – o curso foi transferido para as dependências da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão – Estado de São Paulo. Para atender à conveniência do Prof. Cecchini, o curso de corrosão dele era ministrado no mês de julho – época das férias escolares. Ele deslocava-se de São José dos Campos para Cubatão, hospedando-se em Santos e cumpria toda a sua programação. Procedimento semelhante era adotado também pelo Professor Candido Ribeiro Toledo que dava o curso de Termodinâmica. Assim, ambos davam suas aulas em julho, nas dependências da Refinaria. Eu tive a honra de fazer o terceiro curso de manutenção, no ano de 1960, que foi todo ministrado no Centro de Treinamento da Refinaria. E, no mês de julho, tivemos as aulas de corrosão do Prof. Cecchini e de termodinâmica, do Prof. Toledo, já como professor da Universidade Federal do Ceará, e não mais do ITA.
Ambos foram cursos maravilhosos. A corrosão despertou-me o máximo interesse e, em especial, fiquei encantado com as virtudes da proteção catódica que o Prof. Cecchini deixou bem claro, em suas aulas, que esse era um método de proteção anticorrosiva plenamente amparado pela termodinâmica. Foi aí, portanto, que comecei a gostar de proteção catódica. E gosto muito dela até hoje. Após o final do curso de 1961, o Prof. Hollowell me procurou para conversar. Disse-me que já havia chegado o seu tempo de voltar para os Estados Unidos e precisava de um sucessor. Perguntou-me então o que achava de convidar o Prof. Toledo para o cargo. Respondi-lhe de imediato que achava essa a melhor solução. Ficou feliz com a minha resposta e pediu-me que o auxiliasse nos contatos, o que para mim foi muito fácil. E para felicidade nossa o Prof. Toledo aceitou o desafio e coordenou o curso de 1962, em Cubatão. Terminado este curso – em média os cursos de manutenção tinham uma duração de aproximadamente 10 meses, ministrados de janeiro a outubro, com aulas em tempo integral, todos os dias, inclusive sábado, até o meio dia – o Dr. Moggi, considerando que a Refinaria Duque de Caxias (REDUC) já estava em funcionamento, achou por bem transferir o curso de manutenção para o Rio de Janeiro, para realizá-lo em suas dependências.
A ideia foi boa, especialmente porque havia muito mais facilidades aqui, no Rio de Janeiro, do que na baixada santista. Porém surgiu um problema complicado. O Prof. Cecchini, consultado para dar o curso na REDUC, foi muito franco em afirmar que não tinha condições de cumprir sua missão no Rio de Janeiro. E agora o que fazer? O mercado não dispunha de alternativas. O Prof. Toledo partiu então para a procura de um professor que tivesse disposição para enfrentar o desafio e dar, para os alunos do curso de manutenção de 1963, um curso de corrosão que fosse ao menos parecido com o do Prof. Cecchini. Por essa época, o Prof. Toledo já tinha feito conhecimento com o Prof. Rafael de Barros, da Escola de Química da UFRJ, e pediu a ele uma sugestão. O Prof. Rafael contou-me essa história e disse-me: – Pensei um pouco e deu-me o estalo. E disse então: – Prof. Toledo tenho uma proposta! E o Prof. Toledo ficou muito alegre e perguntou: – Quem é? E Rafael disse: – É o Vicente. – E quem é o Vicente? indagou. – É o Prof. Vicente Gentil, um excelente professor de química inorgânica, uma pessoa muito boa. – Pois então vamos falar com ele, disse o Prof. Toledo. E foram. E o Prof. Vicente Gentil aceitou o desafio, que não era nada fácil. Nessa época, como eu já estava em serviço no campo, na PETROBRAS, não acompanhei as atividades do Prof. Gentil no Curso do CENAP, a partir de 1963. Entretanto, sei que o Prof. Gentil começou a estudar o assunto e, de imediato, buscou contato com o Prof. Cecchini, no que foi prontamente atendido, recebendo dele todo o apoio para preparar o novo Curso de Corrosão do Curso de Manutenção de Equipamentos de Petróleo, promovido pelo CENAP/PETROBRAS, conforme o próprio Prof. Gentil mencionou durante a homenagem que a ABRACO prestou ao Prof. Cecchini, por ocasião do Seminário de Integridade Estrutural de Dutos, realizado em 1999, no auditório da PETROBRAS, no seu edifício sede, o EDISE.
O tempo passou e chegamos ao ano de 1966. Aqui se faz necessária uma digressão para introduzir, na história, a chegada de um idealista a quem a ABRACO muito deve: Aldo Maestrelli. Conforme relato do próprio, por essa época ele trabalhava em marketing numa empresa que estava produzindo pó de zinco para uso na indústria, no combate à corrosão, que era a Indústria Brasileira de Pigmentos – IBP. A empresa estava com dificuldade de introduzir seu produto no mercado e, para resolver o problema, Aldo Maestrelli estudou o assunto e viu as suas propriedades promissoras, na proteção anticorrosiva dos metais, especialmente do aço, mediante aplicação de uma tinta rica nesse pigmento. Inicialmente procurou os fabricantes de tinta que alegaram desinteresse por já contarem com várias tintas anticorrosivas de uso no mercado. Por via indireta, passou a visitar empresas que, comprovadamente, tinham graves problemas de corrosão, como a indústria naval, fabricantes de equipamentos e as indústrias automobilísticas. Em todas as suas visitas constatou um absoluto desconhecimento dos mecanismos da corrosão o que dificultava a introdução das Tintas Ricas em Zinco e que a escolha do sistema de proteção se fazia por mera indicação do vendedor de tintas. Em visita à Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ficou sabendo que lá era ministrado um curso de corrosão, restrito aos funcionários da PETROBRAS, apresentado por um catedrático de Química Inorgânica da UFRJ – o Prof. Gentil. Esses fatos levaram-lhe à conclusão de que havia um problema de cultura tecnológica. Ou seja, falta de conhecimentos relacionados com a corrosão e com a proteção anticorrosiva dos equipamentos e instalações, por ambas as partes: os fabricantes de tinta e os seus usuários.
E agora, diante desse grave fato, o que fazer? Então, para resolver o problema, Aldo Maestrelli reuniu-se com o empresário Edmo Padilha Gonçalves, então diretor da IBP, e começaram a discutir o assunto, encontrando uma saída. Buscar um meio de fazer uma divulgação séria, consistente, ampla e imparcial para conscientizar a comunidade técnica da importância do problema de corrosão e da escolha técnica de um sistema de proteção anticorrosiva, adequado a cada caso específico. Desse modo, criaria condições para a aceitação de novas alternativas para a proteção dos equipamentos e instalações, dentre essas, obviamente, poderia haver espaço para o uso do tão promissor pó de zinco.
O Maestrelli procurou o Prof. Gentil para levar-lhe a ideia de realizar um curso aberto, que, além de desenvolver os aspectos teóricos de corrosão, também deveria abordar os aspectos práticos dos tratamentos de combate e controle dos processos corrosivos. Aproveitando a oportunidade, o Prof. Gentil encaminhou Maestrelli ao Prof. Sabetai Demajorovic, da PUC-Rio, especializado em revestimentos orgânicos, e também ao Prof. Walter Arno Mannheimer, especialista em corrosão-sob-tensão e professor da COPPE/UFRJ. Por outro lado, intermediado pelo Sr. Edmo, Aldo Maestrelli chegou ao Comandante Hugo Lima, da Marinha do Brasil, que já tinha experiência no tratamento de superfícies, revestimentos inorgânicos e até de proteção catódica. A essa altura, a solução estava delineada e, com o estímulo e o entusiasmo do Sr. Edmo Padilha Gonçalves e Aldo Maestrelli, o Prof. Gentil convenceu-se de que seria muito bom preparar um curso aberto à comunidade técnica, em geral, para divulgar os conhecimentos de corrosão e de proteção anticorrosiva, para a sociedade. Esta seria uma promissora forma de diminuir os custos da corrosão, que já sabia serem muito elevados, beneficiando o segmento industrial do País, com a diminuição dos custos de manutenção e o consequente aumento da segurança e da eficiência das instalações. Maestrelli articulou então uma reunião do Prof. Gentil com os outros especialistas mencionados, com o objetivo de criar o planejado curso de corrosão, com a finalidade já definida durante os contatos mantidos anteriormente. Daí por diante o trabalho se iniciou com a estruturação do curso que recebeu logo o apoio dos outros professores, e com o preparo do material instrucional, até então praticamente inexistente na língua portuguesa.
A partir de então foram mãos à obra, acompanhada de perto pelo Maestrelli, estimulando, a toda hora, os mestres que, em pouco tempo, produziram um excelente trabalho. Mas o trabalho realizado pelo Prof. Gentil foi muito mais extenso, principalmente pela amplitude e abrangência do tema, em seus mais variados aspectos. Preparado o material, uma volumosa apostila, a Indústria Brasileira de Pigmentos, estimulada pelo Sr. Edmo e por Maestrelli, patrocinou a sua produção, apresentando um volume bem elaborado, encadernado e bonito, pronto para distribuir aos alunos do futuro curso que seria lançado no mercado, logo depois. Estava tudo pronto para a largada. O curso foi então anunciado, para realização à noite, nas dependências da Escola de Química, da Praia Vermelha. Portanto, bem adequado à comunidade técnica, aquela que está dedicada aos seus afazeres durante todo o dia. O curso foi realizado por volta do mês de agosto de 1966 (não disponho da data certa) com uma plateia numerosa de cerca de 80 alunos, segundo Maestrelli. Não participei desse curso porque, quando soube, já era tarde. Mas sei que ele foi um autêntico sucesso. O sucesso foi tão grande que, dentro de pouco tempo, um novo curso foi lançado. A esse fui um dos primeiros alunos a me inscrever. Ele realizou-se em dezembro do mesmo ano, no mesmo local: o auditório da Escola de Química. Eu estava ansioso para participar do curso. No primeiro dia, fui um dos primeiros a chegar. O auditório ficou cheio, com mais de cem alunos. Obviamente, já sabia quem era o Prof. Gentil, mas nunca o tinha visto. Os outros me eram estranhos. Chegou a hora de começar a aula e subiu à cátedra o Prof. Paulo Emídio Barbosa, brilhante professor da Escola de Química, que eu já conhecia de outras oportunidades.
Ele fez uma primorosa apresentação do curso, com um destaque todo especial para o Prof. Vicente Gentil, falando de sua competência, dedicação e entusiasmo pela matéria, e muito mais. Logo a seguir, passou-lhe a palavra. Imediatamente o Professor subiu àquele palco e foi ali que o vi pela primeira vez. Subiu os degraus com passos firmes, confiança em si próprio, segurança e muita humildade. Agradeceu as referências elogiosas feitas pelo Prof. Paulo Emídio e passou logo a expor a matéria. Nunca esqueci a clareza com que foi dando as explicações e mostrando a simplicidade dos princípios básicos da corrosão, deixando-me muito bem impressionado. E também a toda a plateia. Este segundo curso foi também uma maravilha, sendo justo destacar a imparcialidade com que ele foi conduzido, durante todas as suas etapas, do começo até o fim. Em nenhum momento, manifestou-se o mais leve toque de caráter comercial, mesmo tendo sido distribuído material instrucional com o apoio de uma empresa industrial, interessada no assunto. Seguiram-se as aulas do Prof. Walter Mannheimer sobre a corrosão-sob-tensão, um assunto que não era simples, mas foi abordado com muita clareza, facilitando o entendimento dos fenômenos. O mesmo aconteceu com o Comandante Hugo Lima e com o Prof. Sabetai. Na plateia, sentado na cadeira em frente à minha, havia um aluno também visivelmente idealista, que era o aposentado General Iremar de Figueiredo Ferreira Pinto, um nordestino da Paraíba, de muita fibra, que não ocultava o seu entusiasmo. No último dia de aula, ele manifestou-se em voz alta no intervalo: “uma coisa tão boa como esta vai ficar assim, sem mais nada, logo mais?” Aí foi a minha vez. Tomei a palavra e propus que criássemos uma associação técnica, semelhante à National Association of Corrosion Engineers – a NACE, dos Estados Unidos, da qual já era associado. Assim poderíamos voltar a ter encontros, outros cursos e várias outras atividades associativas, dando continuidade a esse trabalho tão bom realizado pelo Prof. Gentil e sua equipe.
A ideia da ABRACO estava então lançada em público. A partir de então, eu, o General Iremar e o Maestrelli ficamos empenhados em criar a associação, discutindo a elaboração de um estatuto e também de buscar uma sede, para a qual o General Iremar contava, em último caso, com a Casa da Paraíba, que ficava no centro da cidade do Rio de Janeiro. Com isso chegamos ao ano de 1968, ocasião em que no Instituto Brasileiro de Petróleo – também de sigla IBP – lançava a realização do seu V Seminário que, pela segunda vez, abordaria o tema da corrosão. Nessa época aceitei coordenar a Comissão Organizadora, convidando o Prof. Gentil para integrá-la, o que aceitou de modo muito solícito, dando-nos uma prestimosa colaboração. Os outros membros da Comissão eram Albary Eckmann Peniche (Eng. de Inspeção da Refinaria de Cubatão), Aldo Maestrelli (já identificado acima) Carlos Oliveira (Serviço de Relações Públicas da PETROBRAS), Georg Wainberg (PETROBRAS), Guilherme Coelho Catramby (PETROBRAS), Iremar de Figueiredo F. Pinto (já referenciado antes), Maurício Latgé (PETROBRAS/Departamento Industrial), Ney Vieira Nunes (PETROBRAS/Região de Produção, da Bahia), Ruth de Oliveira Vianna (Diretoria de Material da Aeronáutica), Vasco Gomes Moreira (PETROBRAS/Departamento de Transportes) e Osvaldo Faria dos Santos – Secretário Executivo do IBP. Foi durante este Seminário, realizado no auditório nobre do Hotel Glória, do Rio de Janeiro, que fundamos a Associação Brasileira de Corrosão – ABRACO. A foto da página 24 mostra o momento em que eu, juntamente com Maestrelli e o General Iremar, redigíamos a Ata de Fundação, numa sala do Hotel. Logo em seguida fizemos uma solenidade que formalizou a criação da ABRACO, no dia 17 de outubro de 1968, cuja Ata foi assinada por todos os presentes. Depois, ela foi disponibilizada para a assinatura de outras pessoas que compareceram ao Seminário, mas que não estavam presentes nesta solenidade, e que gostariam de assegurar a condição de associados fundadores, dentre eles o General Arthur Duarte Candal Fonseca, então Presidente da PETROBRAS, que prestigiou o evento com sua presença e com sua fala.
Passado o Seminário, conseguimos com o Dr. Plínio Cantanhede, Presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo – IBP, a regalia de instalarmos a ABRACO na sua sede, no Edifício Avenida Central, no 10º andar, numa das salas do grupo 1035, onde permanecemos por cerca de dois anos. Depois disso, fomos abrigados pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT), graças à especial atenção do Dr. Paulo Pereira, então Diretor Geral daquele Instituto. De lá saímos para a nossa sede atual, iniciada na Sala 412 da Avenida Venezuela, no 27, onde hoje dispomos de várias salas próprias. Na primeira reunião realizada, estruturamos a primeira Diretoria da ABRACO, assim constituída: Presidente – Vicente Gentil, Vice-Presidente – Aldo Cordeiro Dutra, Primeiro Secretário – Aldo Maestrelli, Segundo Secretário – Guilherme Coelho Catramby, Primeiro Tesoureiro – Fernando Servos da Cruz, Segundo Tesoureiro – Vasco Gomes Moreira. O General Iremar não quis aceitar cargo na gestão da Associação, preferindo ficar na condição de colaborador, como o foi até o fim de sua vida, a quem a ABRACO muito deve. Os cursos do Prof. Gentil e sua equipe continuaram a repetir-se e, com o sucesso crescente, o seu prestígio transpôs as fronteiras do Rio de Janeiro e chegou a São Paulo, ao Espírito Santo e ao Rio Grande do Sul. Um incidente bem ilustrativo daquele problema cultural, já mencionado, ocorreu numa Federação das Indústrias onde Maestrelli foi propor a realização de um curso de corrosão. A autoridade que o atendeu disse com franqueza que não seria necessário, pois seu pessoal técnico não teria necessidade disso. Para exemplificar sua assertiva chamou o seu assessor técnico e perguntou-lhe se estava familiarizado com a corrosão e as técnicas de sua proteção. Ele respondeu humildemente que não conhecia o assunto, o que não foi estranho, em vista da pouca divulgação do tema, no Brasil, naquela época. Obviamente o curso foi imediatamente autorizado, e realizado com toda a brevidade, tendo sido também um autêntico sucesso. E o bom é que a Federação, que não precisava dos recursos gerados pelo curso, destinou-os integralmente aos trabalhos de implantação da ABRACO. Depois de todos os sucessos, e cada vez mais entusiasmados com esses resultados, tanto Maestrelli como o Sr. Edmo passaram para uma nova fase, incentivando o Prof. Gentil a transformar sua apostila no primeiro livro brasileiro sobre a corrosão.
Esse livro chega agora à sua 5ª Edição como o último legado do grande Professor Vicente Gentil. Finalmente, tenho a satisfação de deixar consignado aqui o meu agradecimento aos amigos Aldo Maestrelli, Alceu Pinheiro Fortes (que, na época, serviu no CENAP/ PETROBRAS por cerca de 10 anos), Professor Walter Arno Mannheimer e Professor Candido Ribeiro Toledo, cuja contribuição, relacionada principalmente com os aspectos históricos, foi absolutamente imprescindível no preparo deste trabalho.